Responsabilidade social
como gestão integrada
Por muitas vezes tenho
acompanhado práticas de gestão relativas à responsabilidade socioambiental e de
desenvolvimento social. Por mais que os temas estão muito em alta devido à
sustentabilidade, é na essência que as empresas acabam tendo falhas.
Fazer responsabilidade
social, no meu ponto de vista, requer, entre outros posicionamentos:
- Inclinação da liderança:
Não há gestão, seja ela qual modelo for, se a liderança, em especial a alta
direção não estiver comprometida e envolvida no planejamento e aplicação das
práticas da empresa.
- Pensamento sistêmico:
Foi-se o tempo em que as empresas tinham visão de uma cadeia produtiva formada
por fornecedores, processos internos e clientes. Hoje, o modelo que se põe,
desafia as organizações a identificarem em seu negócio, todas as partes
interessadas, incluindo as comunidades e sociedade por elas afetadas ou que
influenciam no sucesso organizacional.
- Modelagem estratégica: As
estratégias, levando-se em consideração as partes interessadas, devem ser
caminhos que levam a empresa para um futuro, de forma sólida e consistente, sem
afetar as partes que a compõem. Assim, as necessidades e expectativas da
sociedade devem ser conhecidas e consideradas na elaboração das estratégias de
longo prazo.
- Atuação por projetos: A
aplicação de projetos voltados ao desenvolvimento das comunidades tem total
relevância uma vez que as organizações têm esta responsabilidade. Ainda, quando
falamos em projetos temos que levar em consideração um processo que contempla
etapas de planejamento, execução e avaliação. Para esta última etapa, projetos
devem ter resultados associados, ou seja, o sucesso de um projeto se dará pelo
alcance das metas quantitativas propostas quando do seu planejamento.
Com estas considerações,
entende-se a atuação social da empresa como complexa e abrangente, não se
caracterizando por iniciativas isoladas, as quais muitas vezes, na realidade,
são implementadas pela boa intenção de alguns colaboradores do nível
operacional.
A lógica para projetos de
desenvolvimento da sociedade
Uma das questões que se deve
levar em consideração e que é de extrema relevância para o sucesso da gestão
social é o alinhamento dos projetos.
Muitas empresas reclamam que
fazem várias ações durante o ano só que não enxergam resultados. Para evitar
estes efeitos recomendo que os projetos sejam cautelosamente planejados, de
início ao fim, com alocação clara dos recursos necessários e dos resultados
esperados. Não falamos em quantidade e sim, em qualidade. Ou seja,
de nada adiantam vinte projetos sem conclusão ou sem resultados. Melhor sim, um
projeto com conclusão e resultado planejado e alcançado.
Suponha que a sua empresa, de
forma lógica, alinhada com o seu modelo de negócio, tenha escolhido uma
comunidade escolar a ser desenvolvida, por determinadas necessidades, tais
como, os altos índices de repetência e evasão escolar.
O planejamento do projeto
deve contemplar várias ações/iniciativas que, implementadas de forma
complementar, possam minimizar os resultados atuais daquela comunidade. Na fase
de planejamento devem ser consideradas as partes interessadas no suposto
problema. No exemplo, os pais, os alunos, os professores, órgãos públicos pertinentes,
parceiros, entre outros. Esta fase precisa gerar comprometimento. Note que não
falo em desenvolver, por exemplo, ações, tais como doação de livros. O conjunto
de ações pode complementar-se por aulas de reforço, auxílio pedagógico,
reformas de salas de aula, reestruturação de biblioteca, manutenção do pátio,
etc. Enfim, todas as ações devem fazer com que os resultados pretendidos sejam
alcançados.
A execução do projeto por sua
vez, requer disciplina e comprometimento. A capacidade da empresa de envolver
as partes interessadas e os parceiros para que o cronograma do projeto não
venha a ser afetado é fundamental nesta etapa. Os recursos não podem depender
de um único agente. Os parceiros precisam contribuir, cada qual com as suas
capacidades, para que o projeto seja viável.
O acompanhamento da execução
do projeto deve ser realizado pela empresa que tomou a iniciativa – projeto sem
líder e sem acompanhamento para pela metade, é obra estacionada.
A avaliação do projeto,
independente do tempo que levou a ser concluído, deve ser realizada com base em
medições precisas de resultados quantitativos na sociedade, cuja evolução
demonstre o sucesso do projeto. Isto quer dizer que, na fase de avaliação
devemos levar em conta os mesmos resultados que, na etapa do planejamento,
levaram às ações do projeto.
Como alocar medições em
projetos de desenvolvimento da sociedade
Para todo e qualquer projeto
desenvolvido deve ser possível a medição de seus resultados. Tudo é
quantificável – vai depender, obviamente, da capacidade dos gestores
transformarem algo que seja inicialmente qualitativo para uma medição
quantitativa.
Resultados relevantes para
projetos são aqueles que demonstram a evolução da sociedade. No exemplo deste
artigo sugiro um projeto para o desenvolvimento de uma comunidade escolar.
Neste caso, um resultado relevante seja qualquer um que represente o
comportamento daquela comunidade, o qual venha a ser alterado pela influência
de um projeto social.
Não cabe, desta forma, como
resultados relevantes, medições clássicas do tipo quantidade de horas
envolvidas no projeto, ou, total de investimento realizado. Estes não passam de
itens de controle do projeto.
Quando o seu filho está com
febre, em quem você coloca o termômetro? Da mesma forma, se a comunidade
apresenta alguma necessidade, é nela que você tem que colocar o indicador para
medir a melhora.