quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

O Plano Estratégico deve ter qual enfoque?


O plano estratégico de uma empresa é gerado pelo seu processo de planejamento estratégico o qual já foi tema de uma publicação neste blog. Embora simples este plano possui algumas características que são importantes ser consideradas e o diferenciam totalmente de enormes planos de ação que normalmente são tidos nas organizações como “estratégicos” quando, na realidade, tratam-se de táticos ou operacionais.

Primeiramente temos que esclarecer o termo “estratégico”. A definição que encontramos no dicionário Aurélio remete à palavra “estratégia”, que dá sentido a “Arte militar de planejar e executar movimentos e operações de tropas, navios e/ou aviões, visando a alcançar ou manter posições relativas e potenciais bélicos favoráveis a futuras ações táticas sobre determinados objetivos; ...; Arte de explorar condições favoráveis com o fim de alcançar objetivos específicos; ...” Embora alguns destes termos possam nos remeter a um entendimento de plano estratégico, quando tratamos deste assunto, inevitavelmente, temos que exercer o pensamento sistêmico e enxergar a organização de uma posição bastante abrangente.

Segundo Batemann, Snell, no livro “Administração, Liderança & Colaboração no Mundo Competitivo”, “O planejamento estratégico envolve decisões sobre metas e estratégias de longo prazo da organização. Os planos estratégicos recebem forte orientação externa e cobrem grande parte da companhia.
O termo “estratégico”, quando do plano de longo prazo da empresa, está associado à sua visão de futuro e ao cenário que se desenha considerando as suas tendências, ou seja, para termos um plano estratégico, temos que olhar muito para o ambiente externo da empresa e para suas tendências, olhar “para fora e para frente”, além de levar em consideração, os principais anseios atuais e futuros das partes interessadas e, de qualquer forma, as questões próprias da empresa, ou seja, seu cenário interno.

O plano estratégico passa então a ter características como questões que devem ser trabalhadas as quais visam posicionar a empresa no cenário futuro, ou seja, metas estratégicas que se transformem nos principais alvos ou resultados finais relacionados com a sobrevivência, o valor e o crescimento de longo prazo da organização.

Estas metas estratégicas devem configurar objetivos a serem desdobrados por toda a sua estrutura interna para que, de fato, a estratégia cause mudanças nos processos operacionais e, desta forma, promova o alinhamento e o envolvimento das pessoas de todos os níveis. Daí começamos a desenvolver os planos táticos e operacionais, alinhados às metas estratégicas da empresa.


O problema dos processos de planejamento estratégico das empresas é que permite, normalmente, a inserção de questões táticas e operacionais nos planos estratégicos. Ou seja, inclui questões que são muito mais anseios e necessidades internas de operacionalização do que, de fato, questões voltadas para o ambiente externo do negócio. E o que ouvimos dos gerentes de alto nível é: “se eu não colocar esta intenção no plano estratégico, as iniciativas não são implementadas.” O fato é que, inserindo questões internas, de nível tático e operacional, a empresa volta seu foco para o cenário interno, perdendo, muitas vezes, o foco das questões externas. Ainda, iniciativas operacionais ocupam e disputam recursos de toda ordem quando da sua implementação, quando, na verdade, deveriam ser discutidas e decididas entre os gerentes nas suas reuniões diárias de melhoria dos processos, estruturas, etc.

A clareza do plano estratégico, mesmo que conceitualmente, é fundamental para que a ferramenta e as metodologias relacionadas possam agregar valor à empresa e fazer sentido aos administradores.