sábado, 25 de setembro de 2010

Como está a gestão de pessoas da sua empresa?

A Quinta Disciplina de Peter Senge nos brinda com um conceito importantíssimo para o mundo atual dos negócios: o Pensamento Sistêmico, o qual nos faz refletir profundamente sobre o modelo de gestão que imprimimos em nossas organizações, as quais são compostas, invariavelmente, além de outros recursos, por pessoas, quer seja na indústria, comércio ou serviços, em qualquer setor, ou em instituições de qualquer porte.



O modelo nos propõe uma revisão radical nos valores de gestão. Propõe valores como participação criativa em substituição à obediência; alinhamento e comprometimento em substituição ao comando e controle; ambiente ricamente interconectado em substituição à comunicação verticalizada; equilíbrio entre dimensões em contraposição à produtividade a qualquer preço; visão sistêmica e interdisciplinaridade em substituição à especialização; organicismo em substituição ao mecanicismo.

Uma grande evolução já se deu na administração quando desenvolvida na década de 1930, a abordagem das relações humanas, obtida a partir do projeto de pesquisa conhecido como a Experiência de Hawthorne, visava compreender como processos sociais e psicológicos interagem com a situação de trabalho na influência do desempenho. Os resultados do trabalho levaram os pesquisadores a concluir que a produtividade pode ser mais influenciada por fatores psicológicos e sociais do que por influências físicas e objetivas.

A capacidade de formação de uma equipe de trabalho, alinhada a objetivos organizacionais, constitui o diferencial de uma empresa para o sucesso da implementação de suas estratégias e operacionalização dos seus processos de forma a posicionar a instituição na liderança no mercado competitivo.

A forma pela qual as pessoas são gerenciadas na organização determina o trabalho em equipe ou não. As pessoas não querem mais obedecer: elas querem fazer parte da tomada de decisões, obedecendo obviamente os níveis de autonomia estabelecidos. A empresa, por sua vez, precisa dar espaço para que isso aconteça. Como vamos obter comprometimento de todos com a causa principal da empresa se não os envolvemos na elaboração dos objetivos e metas?

No mundo atual das empresas, as pessoas não aceitam mais ser comandadas e controladas como se fossem intrusos no ambiente da organização e que só são úteis no momento do “pegar junto”. E isso não é influência da geração Y ou de qualquer outra geração, mas sim, condição de respeito ao Ser Humano, que não é simplesmente uma máquina fria e mecânica. É preciso criar espaço para alinhar o pessoal com os propósitos da companhia e, desta forma, comprometê-los com os desafios postos. Este espaço advém de diálogos com os funcionários sobre as perspectivas da empresa e suas necessidades para auxiliar no seu alcance. Não é possível admitir que os funcionários não saibam dos resultados que a empresa quer e está alcançando, incluindo resultados financeiros, por exemplo.

Da mesma forma, a comunicação interna das organizações precisa ser repensada. Os funcionários não querem ouvir somente aquilo que é interessante para a direção, mas sim, precisam expressar suas opiniões, sem medo de serem rechaçados pelo seu ponto de vista. E nenhum líder precisa se sentir ameaçado se for competente para compreender as opiniões dos seus liderados e adaptá-las às ações cotidianas de trabalho.

Você lembra-se do tempo em que, para administração, o importante era tão somente a produtividade? Obviamente que esta época, no início do século XX, se antecipa à das relações humanas, citada acima e, com certeza, não cabe nos modelos de gestão do século XXI. Querer produtividade a qualquer preço é o mesmo que querer tirar suco de um limão para produzir dois litros de concentrado. Isto jamais será possível. Articulação é um fator importantíssimo para a produtividade. Um ambiente de estresse físico e mental, por exemplo, não permite uma produtividade no nível desejado. Ainda, influenciam nesta o layout dos serviços, ou processos, de forma a evitar esforços físicos ou deslocamentos desnecessários, com consequência perda de tempo, e a organização do ambiente de trabalho, de tal modo que os materiais e ferramentas estejam disponíveis e facilmente localizáveis para o seu uso imediato, otimizando tempo e permitindo ao funcionário demonstrar suas capacidades, sem ser influenciadas pelos aspectos físicos. Quero dizer que a produtividade não ocorre somente através de sangue e suor, mas sim, por meio de um planejamento e realização de ações internas que visem elevá-la, sem necessitar imprimir um grau maior de pressão nos funcionários.

Assim, a Quinta Disciplina de Peter Senge nos ensina que as pessoas, em todos os níveis hierárquicos, precisam ter um pensamento sistêmico a cerca das atividades que executa, do seu alinhamento com os objetivos da empresa e do atendimento, por meio de seus serviços, às necessidades de todas as partes interessadas da organização.

Mais uma vez concluímos que a importância do desenvolvimento contínuo das pessoas, bem como, a reavaliação do modelo de atuação com as pessoas dentro da companhia, são fundamentais para que os objetivos sejam plenamente atingidos, utilizando-se da capacidade plena das pessoas que a constituem.

Um comentário:

  1. Realmente interessante esta análise da Gestão de Pessoas do ponto de vista do Pensamento Sistêmico, pois isto nos leva a enxergar melhor a dimensão do trabalho realizado nesta competência.
    Realizar a Gestão de Pessoas sempre foi um desafio considerável, tendo em vista que lidar com pessoas muitas vezes traz resultados inesperados, positiva ou negativamente. É tentando direcionar os resultados deste desafio que os líderes de hoje devem trazer a orientação ao mesmo tempo em que os liderados devem buscar esta orientação, criando uma via de mão dupla.
    Gosto de utilizar o exemplo de um time num jogo de futebol decisivo. O resultado que é tão almejado dentro de campo é construído desde o vestiário antes do jogo, no intervalo, e com redefinições paralelas. O treinador do time na posição de líder tem a opção de colocar pressão nos jogadores para que eles compreendam qual é a idéia e sigam nela (até por ameaça, como no passado da administração), mas no momento em que o jogador joga sob pressão ele pode ter o rendimento comprometido por, por exemplo, não conseguir se concentrar, ter complicações de sistema nervoso, atritos na comunicação com o resto do time e várias outras conseqüências. A outra opção do treinador é identificar a melhor maneira de repassar qual é o objetivo e dar as condições e o apoio necessário para o jogador atuar da melhor maneira possível, o que exige uma grande preparação do líder para que o time não fuja do foco. Este é um exemplo simples da evolução da gestão de pessoas que se expande por toda a organização e não se restrige a práticas da área de Gestão de Pessoas.

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